Para as atividades
individuais, as unidades de medida do seu próprio corpo são suficientes. Mas
para as relações entre várias pessoas elas não bastam. Imaginem a confusão que
aconteceria se cada pessoa usasse o seu corpo nas trocas comerciais com os
outros! O tamanho das pessoas varia e, com ele, o tamanho dos seus pés,
polegadas, palmos, etc. De uma região para outra, a variação era ainda maior:
num lugar em que o povo era mais baixo, o pé era de um tamanho; em outro de
povos mais fortes e altos, o pé era de outro tamanho. Imaginem a confusão que
devia acontecer quando um comerciante do povo
baixinho ia trocar tecido com um
comerciante do povo gigante.
“Mas para o trabalho social,
que exige tanto a precisão como a cooperação de vários trabalhadores, as
medidas pessoais são inadequadas: não há dois trabalhadores cujos braços sejam
exatamente do mesmo comprimento. Assim, também, ao trocar quantidades, os
variados pesos de diferentes cevadas e as desproporções no conteúdo dos sacos
poderiam provocar injustiças. Pesos e medidas têm de ser padronizados. Ou seja,
a sociedade tem de concordar em atribuir um valor fixo ao dedo, ao palmo, ao
cúbito, ao grão e ao saco. Os padrões sociais de comprimento são, então,
marcados em varas de medir; pesos de pedra ou metal são fixados para
representar o grão e o saco convencional. Decidiu-se logo que as unidades convencionais
de comprimento, volume, peso, etc., teriam relações matemáticas simples entre
si, embora conservando seus nomes antigos. O cúbito é escolhido como múltiplo
simples do palmo, e assim por diante. A padronização dos pesos e medidas,
portanto, como a linguagem e as escrita, repousa numa convenção. Pesos e
medidas, como palavras e caracteres, tem de ser autorizados pelo uso social.”
(Childe, Gordon - A evolução cultural do homem - Zahar Editores. 5a
edição, 1981)
“De qualquer modo, as várias
comunidades entre as quais a revolução (neolítica) foi acompanhada...
atribuíram diferentes valores convencionais às suas unidades. Ou seja, depois
da revolução (neolítica), encontramos diferentes sistemas de pesos e medidas no
Egito, Mesopotâmia e Índia. Até na Mesopotâmia as pequenas diferenças em pesos
podem ter sido provocadas pela adoção de padrões divergentes em várias cidades
autônomas. O comércio era, porém, suficientemente internacional para que os
padrões de um país fossem reconhecidos e usados em outro. Assim, os egípcios
por vezes mediam pelas unidades de peso babilônicas, e não pelas suas
próprias.” (Childe, Gordon - A evolução cultural do homem - Zahar Editores. 5a
edição, 1981)
Entre estas novas idéias, surge um sistema de medida inventado por um grupo de grandes matemáticos da época. Este sistema se mostrou tão útil e genial que logo ganhou todo o planeta, tornando-se aceito em praticamente todo lugar. A unidade de comprimento foi estabelecida da seguinte forma: mediram a distância, em linha reta, de uma cidade francesa (Dunquerque) a uma cidade espanhola (Barcelona).
Esta medida foi dividida em 400000 partes iguais. Resultou um determinado comprimento, que foi marcado numa barra de platina e guardado no museu de pesos e medidas de Paris. Desta forma foi inventado o metro, a unidade de medida do novo sistema linear.
No decorrer
do tempo foram sendo propostas novas definições para o metro. A última, e que
passou a vigorar em 1983, é baseada na velocidade com que a luz se propaga no
vácuo.
Resumidamente, pode-se dizer que um metro corresponde a fração 1/300.000.000 da distância percorrida
pela luz, no vácuo em um segundo.
No Brasil, o metro foi adotado
oficialmente em 1962. Uma cópia da barra padrão do metro encontra-se no Museu
Histórico Nacional, no Rio de Janeiro.