domingo, 13 de outubro de 2013

O surgimento do metro

Para as atividades individuais, as unidades de medida do seu próprio corpo são suficientes. Mas para as relações entre várias pessoas elas não bastam. Imaginem a confusão que aconteceria se cada pessoa usasse o seu corpo nas trocas comerciais com os outros! O tamanho das pessoas varia e, com ele, o tamanho dos seus pés, polegadas, palmos, etc. De uma região para outra, a variação era ainda maior: num lugar em que o povo era mais baixo, o pé era de um tamanho; em outro de povos mais fortes e altos, o pé era de outro tamanho. Imaginem a confusão que devia acontecer quando um comerciante do povo baixinho ia trocar tecido com um comerciante do povo gigante.

“Mas para o trabalho social, que exige tanto a precisão como a cooperação de vários trabalhadores, as medidas pessoais são inadequadas: não há dois trabalhadores cujos braços sejam exatamente do mesmo comprimento. Assim, também, ao trocar quantidades, os variados pesos de diferentes cevadas e as desproporções no conteúdo dos sacos poderiam provocar injustiças. Pesos e medidas têm de ser padronizados. Ou seja, a sociedade tem de concordar em atribuir um valor fixo ao dedo, ao palmo, ao cúbito, ao grão e ao saco. Os padrões sociais de comprimento são, então, marcados em varas de medir; pesos de pedra ou metal são fixados para representar o grão e o saco convencional. Decidiu-se logo que as unidades convencionais de comprimento, volume, peso, etc., teriam relações matemáticas simples entre si, embora conservando seus nomes antigos. O cúbito é escolhido como múltiplo simples do palmo, e assim por diante. A padronização dos pesos e medidas, portanto, como a linguagem e as escrita, repousa numa convenção. Pesos e medidas, como palavras e caracteres, tem de ser autorizados pelo uso social.” (Childe, Gordon - A evolução cultural do homem - Zahar Editores. 5a edição, 1981)
“De qualquer modo, as várias comunidades entre as quais a revolução (neolítica) foi acompanhada... atribuíram diferentes valores convencionais às suas unidades. Ou seja, depois da revolução (neolítica), encontramos diferentes sistemas de pesos e medidas no Egito, Mesopotâmia e Índia. Até na Mesopotâmia as pequenas diferenças em pesos podem ter sido provocadas pela adoção de padrões divergentes em várias cidades autônomas. O comércio era, porém, suficientemente internacional para que os padrões de um país fossem reconhecidos e usados em outro. Assim, os egípcios por vezes mediam pelas unidades de peso babilônicas, e não pelas suas próprias.” (Childe, Gordon - A evolução cultural do homem - Zahar Editores. 5a edição, 1981)

É fácil perceber que a evolução da unidade de medida acompanha a evolução histórica dos povos. Quando os povos se mantêm afastados, os seus padrões de medida são diferentes. E, na medida em que os povos se relacionam vão estabelecendo padrões comuns. Apenas em 1790 os matemáticos resolveram a questão de todos os povos do planeta adotarem apenas uma unidade de medida. Nessa época a França atravessava um período de profundas transformações revolucionárias, com a sociedade ávida por novas idéias. 

Entre estas novas idéias, surge um sistema de medida inventado por um grupo de grandes matemáticos da época.  Este sistema se mostrou tão útil e genial que logo ganhou todo o planeta, tornando-se aceito em praticamente todo lugar. A unidade de comprimento foi estabelecida da seguinte forma: mediram a distância, em linha reta, de uma cidade francesa (Dunquerque) a uma cidade espanhola (Barcelona). 

Esta medida foi dividida em 400000 partes iguais. Resultou um determinado comprimento, que foi marcado numa barra de platina e guardado no museu de pesos e medidas de Paris. Desta forma foi inventado o metro, a unidade de medida do novo sistema linear.

No decorrer do tempo foram sendo propostas novas definições para o metro. A última, e que passou a vigorar em 1983, é baseada na velocidade com que a luz se propaga no vácuo. 

Resumidamente, pode-se dizer que um metro corresponde a fração 1/300.000.000 da distância percorrida pela luz, no vácuo em um segundo

No Brasil, o metro foi adotado oficialmente em 1962. Uma cópia da barra padrão do metro encontra-se no Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro.